Vivemos num tempo que não temos tempo para nada, inclusive sentir. Não nos damos o luxo de sofrer, nos obrigamos a sermos perfeitos, sem erros: uma fortaleza. O sofrimento hoje é sinal de fraqueza, consome-se a ideia de que precisássemos aboli-lo de nós, como se fosse possível “eliminar” um sentimento.
A sociedade hoje não quer sentimentos, na verdade ela abomina aqueles que sentem. “Não sinta, se não você não se encaixa”, a sociedade grita, pois ela tem medo daqueles que sentem demais e o demonstram, afastando-os profundamente.
Criou-se uma maioria de covardes, sem garra para assumir seus sentimentos e lutar por eles. Ninguém quer se machucar, por isso se enrijecem os sentimentos acomodando-os em caixas, selecionando-os apenas quando os quer sentir... Como se fossem “selecionáveis”!
Importa-se muito mais com o status no Instagram, Facebook e WhatsApp do que no olhar suplicante daquele que implora carinho. Ninguém está afim de sair da “bolha” narcisista das redes sociais para se envolver profundamente com alguém. Aliás, é dar margem para o sofrimento, “vai que não dá certo” ou “será que é a pessoa certa?”, para quê viver na insegurança do desconhecido? Claro, essa mídia aí nos dá tantas possibilidades de novos amores... por que ficar num só, batalhar por alguém?
Todos querem vida mansa, são poucos os corajosos de hoje.